Segurança na viagem com crianças
Embora possa ser um desafio para os pais, viajar com crianças pode ser um evento bem divertido e deixar recordações agradáveis da infância e adolescência de seus filhos. Porém, para que estas lembranças não se tornem pesadelos, são necessários alguns cuidados especiais.
Como deve ser feito o transporte de crianças e adolescentes?
Faça uso sempre dos dispositivos de retenção para o transporte de crianças, durante toda viagem, como os bebês-conforto ou conversível, para crianças de até 13 quilos, sempre virado para trás até um ano de idade
A cadeirinha de segurança está indicada para crianças de 1 até 4 a 5 anos, passando para cadeiras maiores até 7 anos de idade ou assentos elevadores, os mantendo até 10 a 12 anos de idade. Somente após os 10 anos de idade, com peso acima de 36 quilos e com o mínimo de 1,45 m de altura pode ser utilizado o cinto de três pontas do carro e a criança ser colocada no banco da frente do automóvel (Art. 64, Lei n. 14.071, DF. 2021).
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), faz as seguintes recomendações:
1) Fazer consulta com o pediatra de 1 a 2 meses antes, sendo recomendável o mesmo com o dentista;
2) Solicitar ao pediatra um relatório médico e histórico de vacinas e indicação de medicamentos, com destaque para antitérmico, antialérgico, antiemético, antisséptico, pomada para picadas de insetos, curativos adesivados, protetor solar, repelente e álcool em gel;
3) Não esquecer as medicações de uso pessoal e contínuo;
4) Rever e atualizar as vacinas (verificar as obrigatórias no local de destino e realizá-las com pelo menos 2 semanas de antecedência);
5) Observar cuidados de prevenção para doenças infectocontagiosas (malária, parasitoses intestinais, tuberculose, dengue e outras arboviroses), sobretudo em áreas endêmicas ou com menos infraestrutura;
6) Orientar o adolescente sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e situações de risco ou impróprias, como violência sexual e uso de álcool e drogas;
7) Fazer um Curso Suporte Básico de Vida (BLS) antes da viagem, que pode ser útil em situações de emergência;
8) Preparar a bagagem de modo meticuloso, evitando exageros ou faltas, trazendo a criança ou adolescente para participar ativamente;
9) Não esquecer os documentos pessoais de todos, assim como o cartão do seguro/plano de saúde ou a receita do pediatra caso haja necessidade de medicação de uso contínuo;
10) Verificar se as mensalidades do seguro/plano de saúde estão em dia e qual sua cobertura, bem como identificar no caminho e no local de destino onde fica o hospital mais próximo;
11) Verificar a extensão da cobertura do seguro viagem;
12) Avaliar e preparar as atividades relacionadas com a viagem, com atenção especial às crianças com deficiências e/ou com doenças crônicas;
13) Se a viagem é para passeio, escolham locais que sejam adequados à idade e
Quais são os principais sinais e sintomas percebidos em viagens e como evita-los?
1) Desconforto no ouvido: pode ocorrer em todos, durante o voo, na decolagem e no pouso, devido à pressão no ouvido médio enquanto tenta manter a pressão do ar, que está em rápida mudança. Para reduzir o efeito, as crianças devem ser encorajadas a engolir, bocejar ou mascar chiclete (só em idade apropriada!). Bebês podem ser amamentados ou sugar mamadeira para auxiliar a manter o ajuste de pressão nos ouvidos.
2) Enjoo do viajante: causado pelo “conflito” entre o olhar e o mecanismo de equilíbrio que está no ouvido médio (o ouvido interno detecta o movimento externo, mas os olhos não, por não ser um movimento próprio e estarem focados no carro ou em outro veículo, ou mesmo no interior de um avião). Estes sinais mistos chegam ao cérebro e podem causar náusea, tontura, vômitos, palidez e suor frio. Para prevenir este mal-estar, sugere-se que não se tente manter um foco fixo do olhar, como ler. Em algumas situações o olhar mais à distância em viagens em estradas ou mesmo o fechar de olhos ou ocupar a criança com algo divertido pode diminuir e até desaparecer os sintomas. Fazer refeição leve antes de sair, ingerir alimentos de fácil digestão, evitando gorduras e comer durante viagens curtas. Se o enjoo começou a se manifestar na criança ou adolescente, ofereça algo salgado para mastigar, como bolachas e procure fazer paradas frequentes onde ela possa sair do veículo e brincar; na estrada, estimule-os a olhar para fora, mantendo a janela aberta, sendo que um encosto de cabeça pode minimizar os movimentos.
3) Jet Lag: pode ser sentido após viagens de longa duração, quando leva um tempo para o relógio interno recuperar o atraso ou adiantamento em relação à hora da origem. Os sintomas são de cansaço, porque o corpo ficou acordado por mais tempo que o normal, algumas vezes dores de cabeça, desconforto gástrico e até insônia. Para lidar com isso, tentar ajustar os horários de sono da família uns 2-3 dias antes, descansando bastante antes da viagem; e dormir o quanto puder durante o trajeto. São bons cuidados estimular a criança a alongar o corpo regularmente e levá-la andar pelo corredor do avião. Após a chegada, realizar atividades externas, em locais iluminados e aproveitar a luz do dia, e, permitir que descansem se estiverem muito cansadas, com a proposta de seguir o horário local do destino progressivamente.
Dra. Camila Trevisol
Pediatra e Neonatologista
RQE Nº: 38324 | RQE Nº: 38325